IMPACTO DA PANDEMIA DE COVID-19 SOBRE A APRESENTAÇÃO DA APENDICITE AGUDA EM PACIENTES DE UM HOSPITAL TERCIÁRIO DE FORTALEZA
Palavras-chave:
COVID-19, APENDICITE, APENDICECTOMIA, COMPLICAÇÕES PÓS - OPERÁTORIASResumo
Esta pesquisa visa elucidar o impacto da pandemia de COVID-19 na apresentação da apendicite aguda (AA) em pacientes submetidos a apendicectomia videolaparoscópica (AVL) em um hospital terciário da rede pública de Fortaleza. Trata-se de estudo observacional e retrospectivo realizado a partir da revisão de prontuários médicos eletrônicos de pacientes admitidos na emergência cirúrgica do HGF com diagnóstico de AA e tratados cirurgicamente através de AVL entre os biênios 2017-2018 e 2020-2021. As variáveis analisadas foram: o número de pacientes com AA, gênero, procedência, ASA, tempo decorrido entre o início dos sintomas e o tratamento cirúrgico, duração da cirurgia, tempo de internação hospitalar, grau de apendicite apresentada (complicada e não complicada) e complicações pós-operatórias. Foram selecionados 111 prontuários, dos quais 44 eram do biênio 2017-2018 e 67 do biênio 2020-2021. A faixa etária predominante em ambos os biênios foi a de adulto jovem (19-44 anos), com média de idades de 34,43 no 12 biênio e 41 anos no 22 biênio. Em ambos os períodos, a procedência predominante foi de advindos da capital (63,6% no 12 e 62, 7% no 22). No biênio de 2017-2018, 19 (43,1%) pacientes eram homens e 25 (56,8%) mulheres enquanto no biênio 2020-2021, tivemos 34 (50,7%) homens e 33 (49,2%) mulheres. De acordo com o ASA, no 12 biênio 36 (81,8%) pacientes apresentaram ASA 1, 7 (15,8%) apresentaram ASA 2 e 1 (2,3%) apresentou ASA 3. Já no 22 biênio, 37 (55,2%) pacientes foram classificados como ASA 1, 20 (29,9%) como ASA 2 e 10 (14,9%) como ASA 3. Em relação ao grau de apendicite, entre 2017 e 2018 7 (15,9%) pacientes apresentaram grau 1 e 9 apresentaram grau IV (20,5%), enquanto entre 2020-2021 13 (19,4%) apresentaram grau 1 e 18 (26,9%) grau IV. A média do tempo do início dos sintomas até a cirurgia foi de 4,14 dias em 2017-2018 e 4,24 dias em 2020-2021. A média de duração das cirurgias no 12 biênio durou 1 hora e 41 minutos enquanto no 22 biênio durou 1 hora e 32 minutos. O tempo médio de internação no 12 período foi de 5,02 dias e no 22 período foi de 4,75 dias. As complicações pós-operatórias ocorreram em 8 pacientes em 2020-2021 e apenas em 1 no biênio 2017-2018. Comparando-se os dois biênios tivemos como principais achados no período pandêmico: aumento do número de cirurgias, prevalência de pacientes adultos jovens, do sexo masculino, procedentes da capital, com maior ASA na avaliação pré-anestésica (p<0,05), maiores graus de apendicites complicadas e maiores complicações pós-operatórias. Não houve significância estatística entre os biênios do tempo do início dos sintomas até a cirurgia, da duração da cirurgia e do tempo de internação. Podemos concluir que a pandemia de COVID-19 não modificou o perfil de pacientes submetidos à AVL comparado aos anos anteriores nesta instituição, porém impactou negativamente sobre a apresentação aguda das apendicites, com maior quantidade de AA complicada e complicações pós-operatórias.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Revista Científica do Instituto Dr. José Frota

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.